A
primeira vez que encontrei a Rainha da bateria, ela estava sentada
atrás do balcão do Blokker.
Para quem não conhece o Blokker®
preciso explicar que é uma loja comum em muitas cidades da Bélgica
e da Nederlândia, uma loja que vende mercadorias de camelô ... só
que aqui não existem camelôs, senão empresas internacionais que os
substituem.
Mas, chega de aulas e voltamos ao
assunto : a rainha pois estava lá sentada ao lado da caixa, me
perguntando «vai pagar com cartão ?» Eu tinha comprado um
chaveiro, porém não era um qualquer chaveiro ordinário com apenas
um aro, uma corrente e um escudo da Alfa Romeo ... nada daquilo. No
lugar do escudo do carro ficava uma “câmera digital” pequenina,
que em português certo é preciso nomear de “maquininha numérica
de retrato”.
Visto que o preço dela era menor que o
tamanho da máquina – e incluía uma pilha nova - resolvi tirar na
sorte e comprei-a, com muitas dúvidas, mas pouco risco.
Mal cheguei em casa que quis ligar o
aparelho para testar o funcionamento dele. Abri a caixa e aí
descobri uma MDR (máquina de retrato) do tamanho duma caixinha de
fósforos, um cabo USB (uso sanitário do bidê) e uma pilha AAA
(alimentação do alcoólico anônimo). Botei a pilha dentro da MDR
anã, apertei o botão e nada aconteceu : a anã não tinha tela,
apenas um quadradinho para visualização de 5 teclas quando muitas;
naquele caso não apareceu nenhuma.
Aí liguei a máquina ao cabo e o cabo
à tomada do computador, o quadradinho publicou “0photos”. Será
a pilha que não presta ? Infelizmente, não tenho nenhuma AAA em
casa para trocar. Procurei o controlador elétrico e indaguei a pilha
que aí confessou ter ficado vazia !!! Nem sobrou um elétron nela.
As pessoas que me conhecem sabem de que
não gosto de ser enrolado por ninguém, ainda menos pelos
comerciantes, por isto voltei muito irritado ao tal Blokker para
rodar a baiana. A rainha ainda estava reinando sobre a caixa dela,
servindo sem vergonha mais vítimas futuras da sua perfídia. Falei
em voz alta para todos escutarem, erguendo na mão a arma do crime
“acabo de comprar esta coisa de você mas a p. da pilha já estava
vazia, até passei o amperímetro nela”.
A mulher não se assustou, reagiu com
calma, pegou a bateria na mão, deu uma olhada nela e aí pronunciou
com solenidade “O senhor precisa tirar o plástico da bateria antes
de usá-la”.
Dali para frente eu lembro dela como
Rainha da bateria, enquanto eu fiquei como o palhaço do Blokker.
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