Pô ! Onde somiu o antigo site ?

Talvez vocês conhecessem Língua Afiada há alguns anos. Nele publiquei recados em português, sejam originais, sejam traduzidos do francês. Infelizmente e de repente, Microsoft resolveu fechar todos os sites dela sem avisar a galera. Graças a Deus (de nada, meu filho) guardei dois textos aqui no meu computador mesmo. Hoje estou passando-os para o Google "blogger" com a esperança dele ficar mais fiel que o MS.

sábado, 5 de novembro de 2011

a Vida não é filme ... porém


Vocês estão convidados ...
O casal ficou surpreso recebendo o tal convite... Primeiro, porque o rumor público contava, que os vizinhos  tinham se mudado para Luxemburgo, com cachorro ,criança, ,carro e álcool. Segundo porque, não costumavam ser hospitaleiros, ambos estavam bêbados todos os dias. O marido se tornava então violento, enquanto a mulher ficava gritando que nem um porquinho sangrado. A policia vinha pelo menos três vezes por semana.
Será que resolveram abandonar a cerveja, a fim de melhorarem as relações com os vizinhos, os tiras e os professores ? Um tal esforço não pode ficar sem prêmio. O casal e a filha fizeram a opção de aceitarem o convite do vizinho para o jantar; também estavam muito curiosos de conhecer o interior da casa deles; além disto, as oportunidades de se divertir não são tão comuns assim na pequena cidade de Verviers (leste da Bélgica).
Neste ponto da história, posso apostar o que você está pensando!: «Já vi o filme mais de quinze vezes. O malvado matou a mulher e o filho, ele vai cozinhá-los e deixar os convidados escamotear os corpos comendo-os» Espere, não é tão obvio assim !!!
Porém a comida não era um churrasco de «gente» apenas  um "Coelho" e nem se chamava Paulo. Nada de humano, apenas animal, coelho com molho de cerveja ao modo belga. Durante a refeição, o anfitrião contou para os vizinhos os tais azares da própria vida: a perda da família e do emprego, a morte do coelho e o campeonato de futebol perdido pelo Standard.
O jantar acaba com uma grappa, todo mundo está bem alegre : A garrota e a mãe  propõem ajuda para arrumar a louça e o resto da comida.  A mulher pega um tupperware, enche-o com o coelho de sobra e vai ao freezer. Abrindo o freezer, ela descobre: primeiro que ele está lotado, segundo que há lá dentro uma figura humana, terceiro ela enxerga também uns braços e seios, finalmente entende que a geladeira contem o corpo inteiro de uma mulher.
Não me diga! «A primeira vez escolhi o flime errado mas agora já sei o que vai acontecer : o cara vai procurar uma faca, correr atrás dos convidados e vai acabar matando a família toda». Porém, você está errado de novo, esta história não é nada normal, pois é belga, quer dizer surrealista...
O dono da casa fica parado na cadeira. Ele diz :"Deixa lá, vou arrumar eu à minha moda."
Os convidados cumprimentam rapidamente o anfitrião pelo coelho delicioso, agradecem e vão embora com um "tchau muito obrigado". Portanto, em vez de regressarem direto para casa, vão à delegacia.
Duas horas depois, quando os tiras chegaram na casa do assassino, o marido ainda estava sentado na mesma cadeira, e se fez de guia para mostrar aos policiais o corpo grande no freezer, e um outro menor, que a mulher não tinha visto.

P.S.   Pensando bem, acho que não vou comprar aquele freezer maior que me pediu a minha namorada

o Baiano do Iguatemi


Aquele dia no Rio de Janeiro resolvi instalar a impressora HP nova que a filha tinha comprado. Abri a caixa de papelão e percebi que lá dentro havia um monte de isopor mais uma impressora (sorte minha), um cordão de alimentação (pra ligar na tomada) e um CD de instalação. Infelizmente, não encontrei nenhuma cabo para conexão paralela ao computador.
Gente, uma impressora precisa dum computador tanto quanto um peixe de uma bicicleta ou uma sopa de um bigode : já para configurar a impressora você precisa desse maldito cabo. Porém, o problema é mundial, os fabricantes agem como se você já tivesse uma impressora e comprasse outra, nova, apenas porque se cansou da primeira. Tudo bem, no shopping Iguatemi, perto de casa, há uma galeria de lojas informáticas onde vou encontrar o prezado acessório.
Fui no parqueamento do shopping, desci uma escada rolante, entrei na galeria, me direcionei até o primeiro balcão, peguei um cabo paralelo, paguei 5 reais (2 euros) e voltei para casa com o ... cabo errado, conforme a Lei de Murphy. Esta lei diz que se você tiver uma chance de fazer a escolha errada, com certeza vai aproveitar. Neste caso preferi uma tomada femea enquanto a preferência da HP ia para os machos.
Tanto faz ! É só trocar ! É só regressar para a loja. Nem vou precisar pagar o estacionamento pois os primeiros 20 minutos são de graça. Ali vou. Ao chegar ao balcão descubro que o empregado não é aquele que me vendeu o cabo; mas tudo bem, estou com a nota fiscal e vou explicar direito :
- acabei de comprar este cabo que não deu, preciso de um outro parecido com tomada macho, estou vendo-o, o preço é igual, posso trocar ? Obrigado-tchau !
- senhô, tô atendendo um clientxe, isperi pô favô ...num mi estressi
O cara continua escrevendo acho que uma fatura enquanto o tal cliente está passeando, idas e voltas, no corredor da galeria. Apôs de terminar a fatura, o cliente volta para pagar; ai, o vendedor ergue os braços até uma prateleira, pega uma maleta preta, põe a maleta na mesa, abre a maleta, escolhe e apanha uma caixinha, abre a caixinha, extrai um carimbo e imprime a marca no papel. Depois, ele bota o carimbo dentro da caixinha, fecha caixinha, arruma caixinha na maleta preta, fecha maleta e põe a maleta de volta na prateleira.
- O senhô qui qué ?
- Quero apenas trocar este cabo com outro quase igual e embora ...
- Isperi, num é tam simples assim, primeiro rigistrá o retorno da mercadoria ...num mi estressi !

Quem falou que baiano é preguiçoso ? bobagem, este cara pelo menos gosta de trabalhar muito, até cria tarefas a mais. Então, ele toma a nota fiscal, escreve um retorno de cabo paralelo n° tal, pega um cabo que a gente ia dizer idêntico enquanto eu fico cada minuto mais nervoso.
Portanto, o meu suplicio ainda não acabou, falta uma nota nova, que ele está escrevendo devagar, com muito cuidado. A final da conta, ele assina a nota, eu já estou nos starting bloques mas o olhar dele está dizendo «ainda num acabei, num mi estressi !» então fico parado esperando
Esperando o maniaco erguer para procurar a maleta preta na prateleira, abrir a maleta, apanhar a caixinha, abrir a caixinha, pegar o carimbo, carimbar a nota. Esperando o maluco botar o carimbo dentro da caixinha, a caixinha dentro da maleta preta e arrumar a maleta sobre a prateleira.
Entretanto apareceu uma fila de clientes procurando os próprios carimbos. Quem disse que baiano é lento ? Verdade, este pelo menos podia dar aulas a uma turma de tartarugas.
Finalmente, saí da loja com meia hora de atraso, paguei mais 3 reais para recuperar o carro e fiquei zangado com HP, Murphy e o Baiano de Iguatemi.