Aquele dia no Rio de Janeiro resolvi
instalar a impressora HP nova que a filha tinha comprado. Abri a
caixa de papelão e percebi que lá dentro havia um monte de isopor
mais uma impressora (sorte minha), um cordão de alimentação (pra
ligar na tomada) e um CD de instalação. Infelizmente, não
encontrei nenhuma cabo para conexão paralela ao computador.
Gente, uma impressora precisa dum
computador tanto quanto um peixe de uma bicicleta ou uma sopa de um
bigode : já para configurar a impressora você precisa desse maldito
cabo. Porém, o problema é mundial, os fabricantes agem como se você
já tivesse uma impressora e comprasse outra, nova, apenas porque se
cansou da primeira. Tudo bem, no shopping Iguatemi, perto de casa, há
uma galeria de lojas informáticas onde vou encontrar o prezado
acessório.
Fui no parqueamento do shopping, desci
uma escada rolante, entrei na galeria, me direcionei até o primeiro
balcão, peguei um cabo paralelo, paguei 5 reais (2 euros) e voltei
para casa com o ... cabo errado, conforme a Lei de Murphy. Esta lei
diz que se você tiver uma chance de fazer a escolha errada, com
certeza vai aproveitar. Neste caso preferi uma tomada femea enquanto
a preferência da HP ia para os machos.
Tanto faz ! É só trocar ! É só
regressar para a loja. Nem vou precisar pagar o estacionamento pois
os primeiros 20 minutos são de graça. Ali vou. Ao chegar ao balcão
descubro que o empregado não é aquele que me vendeu o cabo; mas
tudo bem, estou com a nota fiscal e vou explicar direito :
- acabei de comprar este cabo que não
deu, preciso de um outro parecido com tomada macho, estou vendo-o, o
preço é igual, posso trocar ? Obrigado-tchau !
- senhô, tô atendendo um clientxe,
isperi pô favô ...num mi estressi
O cara continua escrevendo acho que uma
fatura enquanto o tal cliente está passeando, idas e voltas, no
corredor da galeria. Apôs de terminar a fatura, o cliente volta para
pagar; ai, o vendedor ergue os braços até uma prateleira, pega uma
maleta preta, põe a maleta na mesa, abre a maleta, escolhe e apanha
uma caixinha, abre a caixinha, extrai um carimbo e imprime a marca no
papel. Depois, ele bota o carimbo dentro da caixinha, fecha caixinha,
arruma caixinha na maleta preta, fecha maleta e põe a maleta de
volta na prateleira.
- O senhô qui qué ?
- Quero apenas trocar este cabo com
outro quase igual e embora ...
- Isperi, num é tam simples assim,
primeiro rigistrá o retorno da mercadoria ...num mi estressi !
Quem falou que baiano é preguiçoso ?
bobagem, este cara pelo menos gosta de trabalhar muito, até cria
tarefas a mais. Então, ele toma a nota fiscal, escreve um retorno de
cabo paralelo n° tal, pega um cabo que a gente ia dizer idêntico
enquanto eu fico cada minuto mais nervoso.
Portanto, o meu suplicio ainda não
acabou, falta uma nota nova, que ele está escrevendo devagar, com
muito cuidado. A final da conta, ele assina a nota, eu já estou nos
starting bloques mas o olhar dele está dizendo «ainda num acabei,
num mi estressi !» então fico parado esperando
Esperando o maniaco erguer para
procurar a maleta preta na prateleira, abrir a maleta, apanhar a
caixinha, abrir a caixinha, pegar o carimbo, carimbar a nota.
Esperando o maluco botar o carimbo dentro da caixinha, a caixinha
dentro da maleta preta e arrumar a maleta sobre a prateleira.
Entretanto apareceu uma fila de
clientes procurando os próprios carimbos. Quem disse que baiano é
lento ? Verdade, este pelo menos podia dar aulas a uma turma de
tartarugas.
Finalmente, saí da loja com meia hora
de atraso, paguei mais 3 reais para recuperar o carro e fiquei
zangado com HP, Murphy e o Baiano de Iguatemi.
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